segunda-feira, 20 de abril de 2015

21 DE ABRIL E OS IMPOSTOS

O dia 21 de abril é dedicado à memória de Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, Patrono Cívico e Herói nacional, o único dos líderes da Inconfidência Mineira a ter sua condenação à morte concretizada. Por sua atuação na revolta provocada pelo excesso de impostos cobrados pela Coroa Portuguesa é também denominado Patrono dos Contribuintes.
        Em 1700, Portugal impôs ao Brasil o “quinto”, correspondente à arrecadação de 1/5 de todo o ouro extraído. Entretanto, nos últimos 30 anos do século 18, com a decadência da mineração e a consequente diminuição do volume arrecadado, as autoridades portuguesas passaram a exigir o mínimo de 100 arrobas (1.470 kg) anuais de ouro, como quinto.
        Mas a arrecadação média entre 1774 e 1788 fora pouco superior a 60 arrobas/ano. A coroa portuguesa exigiu a cobrança dos quintos em atraso, decretando a “derrama”, uma medida administrativa que permitia a cobrança forçada de impostos atrasados, mesmo que fosse preciso confiscar todo o dinheiro e bens do devedor. O total em “atraso” chegava a 596 arrobas.
        O final desse episódio e suas consequências nós já conhecemos, mas, qual a sua relação com a situação atual?
Para avaliarmos a semelhança analisemos a evolução da Carga Tributária - impostos e taxas arrecadados pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais - em relação ao PIB - Produto Interno Bruto, ou a soma de tudo o que se produz no país.
Em 1950 - 14%; 1960 - 17%; 1970 - 26%; 1980 - 24%; 1990 - 28%; 2002 - 31,8%; 2003 - 31,4.%; 2004 - 32,2%; 2005 - 33,3%; 2006 - 34,2%; 2007 - 36,1% e em 2008 - 36,6%, 2009 – 33,44%; 2010 – 34,6%;  2011 – 35,3%, 2012 – 35,85%, 2013 – 35,95%, e a previsão para 2014 é 36,7%. Se os aumentos que aconteceram no início de 2015 forem mantidos a perspectiva é que cheguemos próximo aos 40%. Isso sem considerar que uma mudança na forma de cálculo efetuada em 2005 quando, mantida a metodologia anterior, o índice chegaria a 41% e os subseqüentes também teriam significativo acréscimo.
        Neste ponto fazemos a pergunta: O brasileiro paga muito imposto? Depende de qual brasileiro a resposta é, com certeza. O brasileiro com menor faixa de renda paga, sim, muitos impostos. As classes de maior renda? Não. A explicação para essa diferença é bastante simples. Há diferentes tipos de impostos, mas, basicamente, estão em dois grandes grupos: os impostos indiretos, que recaem sobre mercadorias e serviços, e os impostos diretos, cobrados sobre a renda e patrimônio.
        A estrutura tributária brasileira, cuja base ainda é a estipulada do período de ditadura militar, caracteriza-se por tributar mais mercadorias e serviços do que a renda e o patrimônio, e aqui fazemos uma ressalva, após 30 anos ainda não houve um governo que modificasse, significativamente, essa estrutura. A implicação disso é que pobre paga mais impostos proporcionalmente à sua renda do que o rico. A maior faixa do imposto de Renda que era 35% hoje é 27,5%, ou seja, a modificação favorece, novamente, aqueles de maior faixa de renda. Sem contar com o Imposto sobre Grandes Fortunas, estabelecido na Constituição de 1988 e até hoje ainda não regulamentado.
Outra questão a levantar é: Quanto custa a manutenção do Governo – em suas três instâncias? Lembro-me do tempo em que a grande maioria dos vereadores do país não tinham nenhuma remuneração. E os cargos comissionados? Nomeações de dirigentes de estatais baseados no critério político e não técnico? E nós, eleitores, que criticamos os políticos mas quando a vantagem é para nós ou para um dos nossos consideramos correto?
        Como diz um ditado popular “Não existe almoço grátis”. Ou seja, para qualquer benefício oferecido pelo Governo haverá um custo em taxas ou impostos. É indispensável que nós, eleitores, saibamos formular nossas opiniões políticas mais responsavelmente, sem supor que o governo é uma força mágica movida a “vontade política”.
Devemos nos conscientizar que para ter plena liberdade temos que assumir nossa responsabilidade como cidadãos.

Utilizemos a história: somente um povo que lute por seus direitos assumindo seus deveres conseguirá a liberdade política e econômica!