domingo, 22 de abril de 2012

PROJETANDO O FUTURO DA EMPRESA


Em artigos anteriores analisamos como o empresário deve acompanhar o desempenho financeiro da sua empresa através da elaboração de vários demonstrativos e indicadores. Mas, é indispensável projetar a empresa no futuro, os empresários também devem elaborar o que ficou conhecido como projeção de resultados. Isso nada mais é que formular estimativas de quanto espera vender, gastar e, conseqüentemente, ganhar nos próximos meses ou anos. Para elaborar esta projeção deve considerar não apenas o passado da sua empresa, mas também o impacto de possíveis mudanças na economia (aumento ou queda da inflação, dos juros, entrada de novos concorrentes nacionais e internacionais, etc.).
Controles ajudam elaboração de projeções
O desempenho operacional passado da empresa deve ser acompanhado através dos controles de vendas e resultados anteriores que são extremamente importantes para ajudar o empresário na elaboração da projeção de resultado. Ela ajuda a evitar, por exemplo, que os empresários cometam o erro de subestimar os custos associados a um possível aumento nas vendas. Muitas vezes, para conseguir aumentar as vendas torna-se indispensável o investimento em máquinas novas, contratação de novos funcionários etc. Com a projeção pode-se analisar o aumento da margem de contribuição do aumento nas vendas, ou seja, o quanto do aumento do faturamento restou após a dedução dos gastos necessários para garantir esse aumento. Com essa informação poder-se-á decidir se a expansão é, ou não, positiva para a empresa. Em alguns casos, depois de deduzidos os custos adicionais (contratação de funcionários, compra de máquinas, gastos com financiamentos, etc.) incorridos para o aumento de vendas, chega-se à conclusão de que não vale a pena, pois é preciso injetar mais dinheiro na empresa. Assim as projeções também permitem que o empresário consiga planejar quanto irá precisar levantar de empréstimos, ou de recursos próprios.
Cuidados na hora de projetar resultados
                Mas o aspecto mais importante da projeção é que, através da análise dos indicadores obtidos dos resultados projetados, poderá avaliar se ela está muito otimista. Em outras palavras, se ao projetar os resultados da sua empresa, e derivar os respectivos indicadores financeiros, obtiver resultados muito acima daqueles registrados pela sua empresa até então isto pode ser um sinal de que suas projeções foram muito otimistas.
                Abaixo alguns cuidados que devem ser levados em consideração na hora de elaborar suas projeções.
Vendas (em termos de volume)
A projeção deve ser resultado da capacidade de produção e de venda da empresa, mas, principalmente do potencial de mercado. Estime uma taxa de crescimento para o setor como um todo, e, com base nisto, o potencial de mercado e a participação da sua empresa nele. É importante considerar também a sazonalidade das vendas, ou seja, aumentos ou quedas das vendas em determinados períodos do ano. Um exemplo de produto em que as vendas são sazonais é o sorvete, cujas vendas no verão tendem a ser muito superiores às vendas em outras épocas do ano. Não se esqueça de levar em conta as projeções de crescimento da economia, lembrando que, na hora de projetar o volume de vendas, o melhor é adotar uma postura conservadora. Portanto, nada de projetar ganhos excessivos de participação de mercado por parte da sua empresa, especialmente se no seu planejamento financeiro esses ganhos não forem compensados por investimentos na área de produção (compra de novas máquinas, contratação de pessoal, etc.) e/ou vendas (investimentos em marketing). Excesso de otimismo quanto ao potencial de crescimento do setor também deve ser evitado. Por exemplo, se você acredita que o setor em que a sua empresa atua deve crescer muito acima do projetado para a economia, lembre-se que, nesse caso, é provável que o bom desempenho do setor atraia novos concorrentes. Esses, ao entrarem no mercado, normalmente forçam uma redução nas margens da empresa, seja através da redução do preço de venda, ou aumento das despesas com marketing e vendas.
Custos fixos e variáveis
                A projeção deve levar em conta tanto os custos fixos quanto os variáveis da empresa. Um erro comum ao se elaborar uma projeção financeira, é o de considerar apenas o aumento dos custos variáveis, mas não o de custos fixos. É bem verdade que, na teoria, os custos fixos não se alteram com o aumento da produção, mas existem exceções. Esse é o caso, por exemplo, do aluguel, que apesar de ser um custo fixo, pode aumentar se, para expandir a produção, você contratar mais pessoas, e for forçado a alugar ou construir um imóvel maior. Tente identificar todos os custos adicionais que irá ter caso as vendas aumentem. Outro erro é considerar que o próprio aumento das receitas irá conseguir cobrir esses custos adicionais, mas isto não é necessariamente verdade, especialmente quando a expansão das vendas implica na necessidade de se fazer investimentos fixos adicionais, em máquinas, equipamentos etc. Nesse caso, é preciso levantar empréstimos e o custo desse financiamento deve estar incluído na projeção de vendas. Feito isto, você poderá estimar o custo do produto por unidade, o que deve incluir tanto os custos diretos, de produção, vendas e prestação de serviços, como outras despesas operacionais que a empresa precisa incorrer para a venda do produto.
Formação de preço
Uma das tarefas mais difíceis ao elaborar uma projeção de resultado é a determinação do preço de venda dos produtos. De maneira geral, o preço de venda deve refletir três componentes distintos: o custo do produto, o custo de venda do produto e a margem de contribuição.
Margem de contribuição
Enquanto os dois primeiros componentes são facilmente determinados, a margem vai depender da presença da empresa no mercado, da competitividade do setor em que a empresa atua, da sensibilidade do mercado consumidor aos preços, e, porque não, dos objetivos da empresa. Afinal, se a intenção for ganhar rapidamente presença de mercado, pode optar pela redução da parcela referente à sua margem, para conseguir oferecer preços mais baixos do que a concorrência. Assim, o preço de venda de um determinado produto ou serviço pode variar significativamente, dependendo do objetivo da empresa, que pode ser de penetrar o mercado como um todo, atingir segmentos específicos do mercado, recuperar o caixa, maximizar lucro, promover uma determinada linha de produtos, ou, simplesmente, minimizar a influência da concorrência.
Estrutura de custos e formação de preços
Em algumas situações específicas, a empresa poderá determinar um preço que não cubra sequer a soma dos custos de produção e de venda do produto, porém, esse tipo de situação é insustentável no longo prazo. Afinal, nenhuma empresa consegue manter as portas abertas por muito tempo se vender seus produtos a um preço inferior ao que gasta para produzi-los e vendê-los. Com base nisso, fica fácil entender a importância da estrutura de custos da empresa no processo de determinação de preços de venda competitivos. Apesar disto, muitas empresas não apuram seus custos e despesas de maneira precisa e assim não conseguem separar os componentes do preço de venda (custo de produção, custo de venda e margem).
Investindo nos produtos que dão retorno
O grande problema, nesse caso, é que o empresário pode acabar praticando um preço de venda inferior à soma dos custos de produção e de venda do produto, de forma que a margem não é suficiente cobrir os custos fixos e garantir o retorno do investimento. Além disto, ao não conseguir identificar a margem de cada um dos seus produtos, a empresa terá dificuldade na alocação de recursos, podendo optar por um maior esforço de vendas em produtos de menor rentabilidade. O desconhecimento dos componentes do preço de venda de um produto ou serviço com certeza em algum momento irá prejudicar a rentabilidade da empresa, e até mesmo ameaçar a sua estabilidade financeira.
Importância do mercado na definição do preço
Não se pode esquecer que em uma economia de mercado quem define o preço é o próprio mercado. Portanto, se o preço de mercado para o produto ou serviço prestado pela sua empresa for menor do que a soma dos custos de produção e venda do mesmo, ou seja, a margem for negativa, está na hora de rever a estrutura de custos desse produto.                 Assim pode ser dito que a análise da formação de preço de venda permite, em última instância, que o empresário decida se vale ou não a pena persistir na manutenção de um determinado produto ou serviço.
Necessidades de capital
                Um erro bastante comum entre os empresários, no que se refere à projeção de resultados, é não projetar, ou subestimar, as necessidades de capital de giro. Muitas vezes incluem-se as necessidades de investimento em infraestrutura, como compra de máquinas e equipamentos, aumento ou renovação de instalações, etc., mas se esquece de verificar o impacto sobre o capital de giro da empresa. È indispensável avaliar o total de recursos necessários para financiar as atividades operacionais da empresa, o que inclui a compra de matéria-prima, ou mercadorias, o financiamento de clientes através de vendas a prazo, etc. Não se esqueça que o aumento ou redução do prazo de vendas, do prazo de pagamento dos fornecedores ou da rotação de estoques, tem implicações diretas no total de recursos necessários para garantir o funcionamento operacional da sua empresa.
Se após elaborar sua projeção de resultados, o empresário constatar que irá precisar de recursos adicionais, então muito provavelmente terá que recorrer a um empréstimo. Isto é particularmente verdade entre os micro e pequeno empresários, que, não contando com recursos próprios para investir na empresa, não têm outra alternativa a não ser levantar empréstimo para garantir o crescimento da empresa e, às vezes, investem todo capital próprio em investimentos e quando surge a necessidade de capital de giro recorrem a financiamentos que tem taxas de juros extremamente desfavoráveis e comprometem significativamente os resultados da empresa.
Boa projeção e bons lucros
Sivaldo Dal-Ry
Consultor Empresarial
43 9109-5345
Londrina - PR

A TIRANIA DOS IMPOSTOS


Ontem dia 21 de abril foi dedicado à memória de Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, Patrono Cívico e Herói nacional, o único dos líderes da Inconfidência Mineira a ter sua condenação à morte concretizada. Por sua atuação na revolta provocada pelo excesso de impostos cobrados pela Coroa Portuguesa é também denominado Patrono dos Contribuintes.
            Em 1700, Portugal impôs ao Brasil o “quinto”, correspondente à arrecadação de 1/5 de todo o ouro extraído. Entretanto, nos últimos 30 anos do século 18, com a decadência da mineração e a consequente diminuição do volume arrecadado, as autoridades portuguesas passaram a exigir o mínimo de 100 arrobas (1.470 kg) anuais de ouro, como quinto.
Mas a arrecadação média entre 1774 e 1788 fora pouco superior a 60 arrobas/ano. A coroa portuguesa exigiu a cobrança dos quintos em atraso, decretando a “derrama”, uma medida administrativa que permitia a cobrança forçada de impostos atrasados, mesmo que fosse preciso confiscar todo o dinheiro e bens do devedor. O total em “atraso” chegava a 596 arrobas.
O final desse episódio e suas consequências nós já conhecemos, mas, qual a sua relação com a situação atual?
            Para avaliarmos a semelhança analisemos a evolução da Carga Tributária - impostos e taxas arrecadados pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais - em relação ao PIB - Produto Interno Bruto, ou a soma de tudo o que se produz no país.

1950 - 14%;              1960 - 17%;                1970 - 26%;             1980 - 24%;
1990 - 28%;              2002 - 31,8%;             2003 - 31,4.%;         2004 - 32,2%;
2005 - 33,3%;           2006 - 34,2%;             2007 - 36,1%           2011 - 36,6%.
Isso sem considerar que uma mudança na forma de cálculo efetuada em 2005 quando, mantida a metodologia anterior, o índice chegaria a 41% e os subsequentes também teriam significativo acréscimo.
Nosso país destaca-se em dois pontos antagônicos: Está entre os de maior Carga Tributária e, infelizmente, entre os que menos retorno concede aos cidadãos. As despesas de custeio da máquina pública vem crescendo na proporção de 6% ao ano enquanto que o PIB tem crescido em média 3%, ou seja, a cada ano que passa mais dispendioso está esse custeio.
Podemos ver pelo “Impostômetro” mantido pela Associação Comercial de São Paulo - www.impostometro.org.br, que estima em tempo real o quanto se paga de impostos no país. Embora o número seja elevadíssimo ainda é abstrato demais. Trilhões e bilhões de reais não significam nada na escala individual da vastíssima maioria dos cidadãos. Porém, ir ao supermercado, deixar lá R$ 50 e saber exatamente qual parte desses R$ 50 foi para o governo e qual parte foi para o dono do supermercado pode significar muito. Guardando notas fiscais, o cidadão poderia saber o quanto pagou de impostos num dado período e teria com o governo uma relação muito mais direta e significativa. Sabendo o quanto o governo custa para ele próprio, ele poderia inclusive formular suas opiniões políticas mais responsavelmente, sem supor que o governo é uma força mágica movida a “vontade política”.
Devemos nos conscientizar que, entre os direitos humanos, a liberdade econômica também é indispensável para a liberdade do indivíduo. Subjugação tributária é um ato contra o direito individual.
Aprendamos com a história: somente um povo que tenha também liberdade econômica é um povo livre.
 Sivaldo Dal-Ry
Consultor Empresarial
43 9109-5345
Londrina - PR